Anestesia em Pediatria

Uma cirurgia e anestesia são causas de stress emocional considerável tanto para os pais como para uma criança.

Esta ansiedade pré-operatória pode ter consequências psicológicas como alterações do comportamento após a cirurgia (choro noturno, pesadelos, birras, ansiedade de separação) e fisiológicas como dor mais intensa.

Uma boa preparação pré-operatória pode ajudar a reduzir o stress e minimizar as suas consequências.

Preparação Pré-Operatória

  • Informar: dar informação adaptada à idade da criança sobre o que vai acontecer:
    • Explicar que vai fazer um exame ou cirurgia
    • Explicar que o procedimento a vai ajudar a ficar melhor.
    • Encorajá-la a falar e a fazer perguntas sobre a cirurgia.
    • Utilizar livros, jogos e histórias.
    • Quando é que vai acontecer.
    • Se vão para casa no próprio dia ou ficam uma noite no hospital.
  • Ansiedade: evitar transmitir a sua ansiedade pois esta influencia a ansiedade da criança. Comunique com calma e segurança.
  • Medo: a causa do medo varia em função da idade. Crianças mais pequenas (1-5 anos) podem sentir-se ameaçadas pela separação dos seus acompanhantes e crianças mais velhas (>6 anos) temem mais a anestesia e cirurgia. 

Consulta de Anestesia

Na consulta, o anestesista vai:

  • Avaliar o estado de saúde da criança: procurar saber os seus antecedentes médicos, problemas prévios com anestesia na família, alergias e medicação que esteja a tomar. Estas informações ajudam-no a planear os cuidados peri-operatórios.
  • Dar instruções: recomendações relativas ao jejum e à toma da medicação habitual
  • Informar sobre anestesia: tipos de anestesia em função da cirurgia, explicar os riscos, elaborar um plano para anestesia e controlo da dor e esclarecer as dúvidas que possa ter.

Véspera da Cirurgia

  • Mala: preparar mala com pijama, escova de dentes, escova de cabelo, medicação habitual, muda de roupa, fraldas (se for adequado) e um ou dois brinquedos preferidos. Se achar pertinente: telemóvel ou tablet com carregador e auscultadores.
  • Doença aguda: em caso de tosse e expectoração ou febre nas últimas 3 semanas ou diarreia ou vómitos nos últimos dias deve avisar o hospital. Poderá ser necessário adiar a cirurgia devido ao risco de dificuldade respiratória durante e após anestesia, principalmente em crianças mais novas.

Dia da Cirurgia

  • Jejum: siga as indicações dadas pelo hospital.
  • Acolhimento: no hospital é realizado um questionário à chegada, a criança coloca um pijama (fornecido pela instituição), é pesada e são avaliados os sinais vitais como temperatura, oximetria e pressão arterial.

Pré-Medicação

Em muitos hospitais é comum propor a administração de medicação pré-operatória com efeito sedativo para ajudar a criança a relaxar, diminuir a ansiedade e facilitar a cooperação.

Esta medicação costuma ser dada na forma de líquido para beber cerca de 30 minutos antes da chamada para o bloco.

Creme Anestésico

Nalguns hospitais é costume colocar um creme no dorso da mão da criança e cobri-lo com adesivo.

Este creme tem um efeito anestésico, demora cerca de 30 a 60 minutos a fazer efeito e reduz a dor da picada para colocar o acesso venoso.

Anestesia

O anestesista irá falar consigo e dar-lhe informações sobre a anestesia.

Habitualmente as crianças são operadas sob anestesia geral, estando inconscientes e sem dor durante a cirurgia ou procedimento.

Para iniciar a anestesia geral os anestésicos podem ser dados:

  • Via injetável: através de um sistema de soro numa veia
  • Via inalatória: através de uma máscara com um gás (depois da criança adormecer é colocado soro numa veia).

A técnica escolhida depende de vários fatores como: a prática habitual da instituição, circunstâncias específicas, experiência do anestesista e preferência da criança ou da família.

Dependendo do tipo de cirurgia, o anestesista também poderá fazer anestesia local ou loco-regional enquanto a criança dorme, para ajudar a aliviar a dor no pós-operatório.

Bloco Operatório

  • Presença do acompanhante: em alguns hospitais é possivel um acompanhante estar junto da criança no bloco operatório, e ficar com ela até adormecer.
  • Monitorização: à chegada ao bloco a criança é monitorizada e é iniciada a anestesia.
  • Indução inalatória: se a indução anestésica é inalatória através de uma máscara facial, a criança pode demorar alguns segundos ou minutos até o anestésico fazer efeito. A certa altura, quando está a adormecer, pode ficar um pouco agitada. Depois de estar anestesiada será colocado um acesso venoso para dar medicação anestésica e analgesia.
  • Indução endovenosa: neste caso será puncionada uma veia e colocado um soro na zona da mão. A medicação anestésica será dada através do sistema de soro.

Recobro

  • Acompanhante: a maioria das crianças acorda no recobro. O acompanhante poderá estar com a criança neste espaço.
  • Vigilância e tratamento: estará vigiada pelos enfermeiros e serão dados medicamentos para dor ou náuseas se necessário.
  • Agitação: algumas crianças podem acordar muito agitadas e movendo os braços e pernas sem um propósito. É natural que fique preocupado mas esta é uma reacção possível, sem causa ou tratamento conhecidos e que pode durar até cerca de 30 minutos.
Scroll to Top