Dor Aguda Pós-Operatória

É habitual sentir alguma dor ou desconforto após uma cirurgia. Um bom controlo da dor pós-operatória irá ajudá-lo a recuperar mais depressa e reduzir a probabilidade de complicações.
O tratamento da dor pós-operatória é planeado pelo anestesista. Estar informado e conhecer as opções disponiveis para analgesia, permitem-lhe ter um papel mais ativo na tomada de decisões sobre o controlo da dor.
1. Efeitos da Dor
Se a dor pós-cirúrgica não for tratada adequadamente, para além da sensação desagradável que lhe causa pode contribuir para :
- Desenvolvimento de dor crónica.
- Complicações cardíacas (como enfarte agudo do miocárdio).
- Complicações respiratórias (como atelectasias e infeções respiratórias).
- Perda de mobilidade (e maior risco de tromboembolismo venoso e úlceras de pressão).
2. Avaliação da Dor
Enquanto recupera, os médicos e enfermeiros irão pedir-lhe para avaliar a sua dor.
Habitualmente é usada uma escala numérica de 0 a 10, sendo 0 equivalente a “nenhuma dor” e 10 à “pior dor que consegue imaginar”.
Se tiver dificuldade em atribuir um número à sua dor pode usar uma escala qualitativa: sem dor, dor ligeira, dor moderada ou dor intensa.
Esta avaliação ajuda os profissionais de saúde a perceber se o tratamento da dor está a ser adequado ou se é necessária alguma alteração.
3. Dor como sinal de alarme
A dor pode funcionar como sinal de alarme.
Deve informar os profissionais de saúde sobre o que sente pois uma dor desproporcional em relação à cirurgia que realizou, ou com determinadas características, poderá ser um indício de alguma complicação.
4. Analgesia pós-operatória
Após uma cirurgia, ficará com medicação analgésica prescrita a horas fixas e medicação de resgate, que poderá ser dada fora do horário pré-definido.
Mesmo que não esteja a sentir dor no momento, a analgesia fixa deve ser sempre administrada. Ou seja, o tratamento da dor deve ser preventivo. Isto porque a medicação é mais eficaz quando dada antes do aparecimento da dor ou de esta atingir a sua intensidade máxima.

5. Como tratar a dor
A dor pós-operatória é tratada através de medicação que pode ser dada por via oral (comprimidos e xarope), endovenosa (injetável), rectal (supositórios), epidural ou peri-neural.
Habitualmente é seguido o Modelo de Escada de Analgesia da OMS (Organização Mundial de Saúde). Os medicamentos dos degraus inferiores são dados primeiro. Se estes não proporcionarem alívio suficiente, vão-se subindo os degraus da escada, juntando medicamentos mais potentes.
6. Riscos dos opióides
Os opióides são os analgésicos mais potentes e podem ser dados por via oral, endovenosa ou epidural.
A desvantagem destes medicamentos são os seus efeitos secundários que podem incluir:
- Náuseas e vómitos
- Prurido (comichão)
- Sonolência
- Obstipação
- Depressão respiratória (em doses elevadas)
7. Analgesia loco-regional
Este tipo de analgesia pode incluir a analgesia epidural ou peri-neural. Um catéter epidural ou peri-neural (próximo de um nervo), ligado a uma seringa ou a uma PCA com medicação é o método mais eficaz para aliviar a dor intensa após uma cirurgia abdominal ou dos membros.
Um efeito comum deste tipo de analgesia é deixar a zona anestesiada mais dormente. Este efeito passa algum tempo após suspender a medicação.
8. Analgesia pós-alta
Após ter alta do hospital deve manter a toma da medicação analgésica em intervalos regulares, para manter a dor bem controlada e evitar a necessidade de recorrer a medicamentos mais potentes.